A Comissão de Arbitragem da CBF enviou a lista de árbitros e árbitros assistentes, homens e mulheres, indicados ao quadro da FIFA para a temporada 2020. E dois gaúchos constam na relação: o árbitro Anderson Daronco e o assistente Rafael da Silva Alves.
Confira a seguir a entrevista com Rafael Alves, que fala sobre esse novo momento com a indicação para o cargo máximo de um árbitro, a FIFA.
O que significa este momento de indicação ao quadro Fifa? É um momento muito especial na minha carreira, que vem coroar uma dedicação, um trabalho e, não só isso, um investimento que a FGF e a CBF fizeram em mim ao longo desses anos. Dessa maneira, as entidades me possibilitaram a busca por um sonho que é participar de uma Copa do Mundo. É uma oportunidade também de agradecer todas as pessoas que foram importantes para que o sonho de se tornar um árbitro internacional se realizasse. Eu agradeço à FGF, nas pessoas do presidente Novelletto e do senhor Luiz Fernando Gomes Moreira, presidente da CEAF e toda sua comissão. Agradeço também à comissão de árbitros da CBF, chefiada pelo Leonardo Gaciba, e todos os árbitros e assistentes que dentro de campo participaram do meu desenvolvimento e contribuíram de forma enorme para que esse momento se tornasse realidade. Também agradeço ao meu pai e meus familiares, que me deram todo suporte naqueles momentos difíceis na vida de um árbitro. Por isso, dedico a eles (a indicação), que foram de suma importância para eu poder estar vivendo este momento. Poder compartilhar este momento com eles é motivo de muita satisfação pois é a forma que tenho de retribuir todo esforço e toda dedicação e cuidados que realmente me possibilitaram chegar ao quadro internacional. Agradeço ainda ao Carlos Simon pelos conselhos e por acreditar que eu teria o potencial de me tornar um árbitro internacional e futuramente participar de uma Copa do Mundo. Por fim, agradeço também à FGF e ao Safergs pela contribuição no processo de formação dos árbitros. Elas são de extrema importância para nossa classe.
Sua relação com a arbitragem começou de que maneira? Eu sou formado em Fisioterapia e Educação Física, que me formei primeiro. Quando eu estudava Educação Física, eu tinha um sonho de trabalhar com futebol porque eu sempre gostei e, portanto, queria ser preparador físico ou treinador, isso era uma situação que não estava bem estabelecida. Aí fui fazer um curso de treinador de futebol profissionalizante, que foi promovido pelo Sindicato dos Treinadores de Futebol do RS. E uma das palestras quem deu foi o Gaciba, explicando a arbitragem no meio do futebol, como funcionava. Me interessei pelo assunto. Acabando a palestra, fui falar com ele e ele disse que a FGF estava há algum tempo sem curso e que logo estariam ministrando algum curso. Eu comecei a ficar atento ao site da Federação até que saiu a notícia de que haveria um processo seletivo, que era para 50 vagas. Tinha prova teórica e física. Pagava uma taxa, se inscrevia e estudava para a prova teórica e física. Só que era feita a parte física e depois teórica. Se rodasse na primeira, já nem faria a teórica. Aí lembro que me inscrevi na FGF e o senhor Emílio e o Fernando deram um livro para cada inscrito no processo seletivo para estudar e ir para a prova com algum conhecimento. Lembro que estudei bastante, fui bem na prova, tirei 8.8, tive um classificação boa, passei na prova física e teórica e fui para o curso. E aí comecei a criar uma paixão por um segmento que eu não conhecia. Assim que começou minha trajetória na arbitragem.
Você tem referências na arbitragem? Eu tive o privilégio de poder trabalhar com diversos professores ao longo da minha carreira. E logo no início é importante trabalhar com os mais experientes, pois é quando você começa a traçar o perfil enquanto árbitro. E ter tido a oportunidade de trabalhar com Altemir Hausmann, Marcelo Barison, José Franco Filho, Paulo Ricardo Conceição e Júlio Cesar Santos, isso com certeza me favoreceu para que pudesse absorver deles conhecimento, somar às minhas características individuais e assim traçar um perfil de trabalho. Me desenvolver enquanto árbitro. Isso certamente fez a grande diferença para eu chegar a este momento.
Houve algum jogo que mais lhe marcou? Tive a oportunidade de trabalhar em diversos clássicos pelo Brasil. Palmeiras e Corinthians, Flamengo e Vasco, Cruzeiro e Atlético-MG, Coritiba e Athlético Paranaense, só que nenhum se iguala ao nosso Gre-Nal. Tive oportunidade de trabalhar em 13 Gre-Nais e cada um é um jogo diferente. As características são diferentes a todo momento, pelas equipes, mas fica registrado na minha memória sempre o primeiro (Gre-Nal 393). Aquele que abriu porta para os outros, já que é nosso maior clássico e jogo de extrema tensão. Quem tem a honra de trabalhar, sabe que é um momento memorável. Eu sou um cara que recorda sempre com muito carinho daquele primeiro Gre-Nal.
Qual seu sonho na arbitragem? O maior sonho é ter a oportunidade de poder trabalhar em uma Copa do Mundo. A gente sabe que o caminho é longo, tem que cumprir algumas etapas, mas agora entrando no quadro internacional essa possibilidade começa a existir. Então agora é trabalhar, se dedicar, manter a regularidade nos jogos, que é muito importante, ter a oportunidade de trabalhar em competições como a Libertadores da América, competições da Fifa, e sempre tentando buscar meu espaço.
O que espera a partir desta indicação? Agora ingressando no quadro em 2020 é a oportunidade que tenho de trabalhar em diversos torneios e campeonatos organizados pela Conmebol, pela Fifa, e de fato poder me desenvolver enquanto árbitro através dos cursos, através dos jogos com características diferentes. E, além disso, manter a chama acesa de tentar trabalhar em uma Copa do Mundo. De fato, isso está sendo muito gratificante, em um momento importante da minha carreira. Vou procurar me desenvolver cada vez mais, valorizando os pontos que me levaram até a Fifa e tentando evoluir naquelas situações que eu preciso de uma melhor evolução.
Foto: Arquivo/Pessoal
Informação da Safergs
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