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Do apito ao termômetro: Árbitro da CBF atua como enfermeiro no combate ao coronavírus

Como boa parte da população mundial, Igor Junio Benevenutto viu seu trabalho ser afetado por conta da pandemia do coronavírus. Com a suspensão das partidas, o árbitro resolveu não ficar em casa neste período de quarentena, mas por uma causa bem nobre. O mineiro decidiu botar o ofício de formação em prática e, na última segunda-feira (30), começou a dar plantão na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Sete Lagoas (MG). Igor concluiu a graduação em enfermagem no ano de 2012 e, em meio a este crítico momento para a área da saúde, viu uma oportunidade de contribuir com a sociedade. O árbitro está trabalhando no turno da noite, das 19h às 7h, e, aos 39 anos, troca momentaneamente o apito e os cartões amarelo e vermelho por termômetros, agulhas e demais equipamentos médicos. Igor conta que a ideia de ajudar surgiu no momento em que a CBF anunciou o auxílio financeiro e os suportes teóricos, físicos e psicológicos aos árbitros para este período sem bola rolando. – A CBF conseguiu este apoio fundamental aos árbitros através do Presidente Rogério Caboclo e de todos da Comissão de Arbitragem. A partir deste momento, comecei a pensar em como eu poderia demonstrar a minha gratidão. Resolvi trabalhar como enfermeiro para manter esta rede de empatia e de ajuda. Estou contribuindo com o meu tempo, meu conhecimento técnico na área e meu talento. Acredito que ajudar o próximo é ajudar a si mesmo também. E a enfermagem é, justamente, esta arte de cuidar e ter atenção com o próximo, ajudar a salvar vidas e melhorar a condição de outras pessoas – declara o mineiro. Mesmo sem estar em campo, Igor não pode desligar-se completamente da função de árbitro. Um dos desafios do mineiro poderia ser conciliar o trabalho na Unidade de Pronto Atendimento com os treinamentos. Mas ele revela que não está sendo nenhum problema manter a rotina da arbitragem no dia a dia.


– Eu saio às 7h da manhã da UPA e vou dormir quando chego em casa para descansar. Acordo por volta das 11h e acompanho os testes online sobre a regra com o Gaciba (Leonardo, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF), faço as atividades físicas aqui em casa acompanhando o que os nossos preparadores passam e estou sempre em contato com a Dr. Marta (Magalhães, psicóloga da Comissão de Arbitragem) através das chamadas de vídeo. Tenho usado o período da tarde para essas coisas. Então, dá para estudar, ler e treinar fisicamente para manter o ritmo e deixar tudo em ordem para quando os campeonatos voltarem – acrescenta. Esta não é a primeira experiência de Igor Benevenutto em um ambiente hospitalar. O árbitro participa de um projeto chamado Guardiões do Riso, constituído por um grupo voluntários que frequenta hospitais e lares de idosos e utiliza a metodologia do "Doutor Palhaço". A equipe de Comunicação da CBF acompanhou Igor como "Dr. Gravatinha" em uma visita ao Hospital ABC da Criança de Belo Horizonte (MG), no ano passado, e o viu arrancando sorrisos de quem está debilitado em um grande gesto de solidariedade. Quando está dentro de campo, de chuteira e perto da bola, Igor Benevenutto não faz gols. E quando aparece alguma irregularidade no lance até os anula. Mas, fora das quatro linhas, o árbitro marca um verdadeiro golaço pela vida.


Foto: Arquivo Pessoal

Texto: CBF

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