O atacante Jarro falou pela primeira vez sobre a investigação do Ministério Público de Goiás depois da deflagração da operação penalidade máxima. O MP investiga um esquema de manipulação de jogos do Campeonato Brasileiro e Estaduais. Ele não consta na denúncia de 16 pessoas que viraram réus na ação.
Em entrevista ao repórter Gilson Alves, do jornal Diário de Santa Maria, Jarro falou sobre o envolvimento do seu nome no esquema. Atualmente, o atacante atua no Inter de Santa Maria, na Divisão de Acesso.
Jarro foi alvo de busca e apreensão na primeira fase da operação. O atleta teria sido procurado pelo grupo criminoso para fazer um pênalti na partida entre Caxias e São Luiz, quando defendia a equipe de Ijuí, no Gauchão deste ano. O jogador admitiu que foi procurado e ameaçado na manhã do dia do jogo.
– O Ministério Público (MP) já sabe tudo que aconteceu. Eles pegaram o meu celular e acompanharam todas as conversas. Eu fui chamado e recebia contatos com propostas para levar cartão amarelo, ser expulso, e eu sempre negando. Até que começaram a subir o tom de voz e mandaram R$ 30 mil para a minha conta e eu já não tinha para onde correr. Na manhã do jogo contra o Caxias, me ligaram e me ameaçaram dizendo que só faltava eu fazer a minha parte, que eles não estavam para brincadeira e se não seria pior para mim. Acoado, cometi o pênalti e depois acabei pedindo substituição. Realmente eu fiz o pênalti, mas eu não fiquei com o dinheiro – explica o jogador.
Jarro ainda revelou que após o ocorrido procurou a polícia e fez um boletim de ocorrência. Ele afirma ter devolvido o dinheiro.
– Chamei um amigo da Polícia Civil para saber o que fazer. Ele sugeriu que eu abrisse um boletim de ocorrência, devolvi o dinheiro e avisei meu advogado para que quando “estourasse o assunto” todo mundo já ficasse sabendo o que estava acontecendo. Tenho todos os comprovantes de depósitos, devoluções. Já está tudo com a Promotoria e Ministério Público. Tenho a consciência tranquila. Me envolvi com algo que eu não queria, mas procurei a polícia. Ou eu fazia isso, ou ficaria fugindo dessa máfia das apostas pelo resto da minha vida – justifica o jogador.
MP DENÚNCIA 16 PESSOAS
O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou 16 pessoas por fraudes visando à manipulação de resultados em 13 partidas de futebol: 8 do Campeonato Brasileiro da Série A de 2022, 1 da Série B de 2022 e 4 de campeonatos estaduais realizados em 2023.
No documento, o MPGO esmiúça 23 fatos criminosos ocorridos durante as partidas, nas quais jogadores se comprometeram a cometer faltas para receber cartões e a cometer pênaltis. A organização criminosa visava apostar nos resultados e eventos induzidos e, desta forma, obter elevados ganhos.
A denúncia traz, em mais de 100 páginas, farto material comprobatório, com prints de conversas e transcrições de áudios entre os denunciados, obtidos por meio de autorização judicial.
Tornaram-se réus na ação:
Bruno Lopez de Moura (vulgo BL),
Ícaro Fernando Calixto dos Santos,
Luís Felipe Rodrigues de Castro (vulgo LF),
Victor Yamasaki Fernandes (vulgo Vitinho),
Zildo Peixoto Neto,
Thiago Chambó Andrade,
Romário Hugo dos Santos (vulgo Romarinho),
William de Oliveira Souza (vulgo Mclaren),
Eduardo Gabriel dos Santos Bauermann,
Gabriel Ferreira Neris (vulgo Gabriel Tota),
Victor Ramos Ferreira,
Igor Aquino da Silva (vulgo Igor Cárius),
Jonathan Doin (vulgo Paulo Miranda),
Pedro Gama dos Santos Júnior,
Fernando José da Cunha Neto
Matheus Phillipe Coutinho Gomes.
Partidas investigadas:
Palmeiras X Juventude (10.09.2022)
Juventude X Fortaleza (17.09.2022)
Goiás X Juventude (05.11.2022)
Ceará X Cuiabá (16.10.2022)
Sport X Operário (PR) (28.10.2022)
Red Bull Bragantino X América (MG) (05.11.2022)
Santos X Avaí (05.11.2022)
Botafogo X Santos (10.11.2022)
Palmeiras X Cuiabá (06.11.2022)
Red Bull Bragantino X Portuguesa (SP) (21.1.2023)
Guarani X Portuguesa (SP) (08.02.2023)
Bento Gonçalves X Novo Hamburgo (11.02.2023)
Caxias X São Luiz (RS) (12.02.2023)
Foto: Renata Medina/Inter SM
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