Pelo menos três clubes já se manifestaram publicamente sobre a possibilidade de não jogar a Divisão de Acesso. O primeiro foi o Guarani de Venâncio Aires. Depois veio o Glória de Vacaria e, por fim, o Brasil de Farroupilha. Todos têm algo em comum, a situação financeira.
O time de Venâncio tem o agravante que precisa fazer melhorias no estádio Edmundo Feix. O Glória não possui dívidas, mas também não quer endividar o clube com uma participação sem recursos. Inclusive, muitos apoiadores recuaram. O Brasil-Far, da mesma forma, enfrenta dificuldades na captação.
Em entrevista à Rádio Gre-Nal, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Luciano Hocsman, não demonstrou preocupação quanto à possibilidade de a desistência se concretizar. Conforme o dirigente, todos os 16 clubes participaram do congresso técnico:
- Fizemos o conselho técnico com a participação dos 16 clubes, todos confirmados na competição. Alguns, dois, no conselho falaram das suas dificuldades em participar, mas tenho convicção de que não vai se confirmar isso. Tenho opinião formada de que a comunidade precisa abraçar seus clubes também. Não temo pela desistência de nenhum clube. Temos os grupos formados, nos próximos dias sai a tabela prévia - declarou Hocsman, que questionado sobre punições em caso de abandono disse:
- Vou repetir, eles não vão desistir. Mas já aconteceu em competições anteriores e eles sofrem um processo administrativo, clube apresenta defesa e o processo é analisado com possibilidade de pena, advertência - contou Hocsman.
Quem desistir do campeonato pode ser punido com o afastamento de competições oficiais da FGF por até dois anos, além do rebaixamento para a Terceirona Gaúcha.
AUXÍLIO AOS CLUBES
Ao longo da entrevista à Gre-Nal, o presidente foi perguntado como a Federação pode auxiliar os clubes neste momento. Hocsman refletiu afirmando que o propósito da entidade não é de subsidiar clubes.
- Mais do que dar o peixe, temos que ensinar a pescar. Existe historicamente no futebol brasileiro uma certa dependência de receitas advindas da entidade que organiza a competição. Essa receita tem que ser suplementar, ela não pode ser a principal, pois você joga para cima da entidade uma responsabilidade enorme que ela não tem, nunca teve e não foi seu propósito. O propósito é de organizar competições e não de subsidiar.
Contudo, o presidente da Federação frisou que a entidade auxilia os clubes com uma verba para pagamento de despesas da competição, banca toda a arbitragem e também isenta as equipes do pagamento de taxas.
- Eles sabem o esforço que a FGF faz, repassamos um auxílio financeiro e custeamos toda arbitragem, taxas de registros de até 30 atletas e taxas de borderôs. Isso representa um ganho direto aos clubes. Vamos fazer a geração das imagens dos jogos pela FGF TV e haverá a cessão dessas imagens aos clubes para eles ceder para algum parceiro ou rádios locais - detalhou o presidente da FGF.

Foto: Max Peixoto/FGF