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Angústia: O adversário invisível enfrentado pelos atletas do interior

Atualizado: 9 de abr. de 2020

Mais de mil jogadores estão impedidos trabalhar devido a pandemia de coronavírus no Rio Grande do Sul. O Gauchão e a Divisão de Acesso estão suspensos por tempo indeterminado. Já a Terceirona Gaúcha não tem prazo para começar. O futebol é uma fábrica de empregos em todo o país e aqui não seria diferente.


Sem partidas, os atletas enfrentam adversários invisíveis, como a angústia. Mais a frente, esse time de sentimentos pode ter o reforço da falta de dinheiro. A cada dia sem uma certeza, este jogo fora das quatro linhas se torna uma grande batalha para cada trabalhador. A maioria dos atletas da Divisão de Acesso, por exemplo, tem ainda mais três meses de contrato, mas ainda não sabem como vão receber.


O site peleiafc.com conversou com quatro jogadores da Série A2. Entre eles, o mesmo sentimento de indefinição. Eles foram liberados por suas equipes e treinam em casa para manter a forma física. Os jogadores temem a situação contratual, pois famílias dependem dos salários.


Conversamos com o meia-atacante Gustavinho, do Igrejinha; goleiro Vandré, do Avenida; atacante Edy, do Brasil de Farroupilha; e o goleiro Medina do São Paulo. Você confere agora o relato passado por cada jogador sobre essa situação vivenciada pelos profissionais da bola e a angústia de não saber como será o dia de amanhã com a paralisação do futebol.


GUSTAVINHO

MEIA-ATACANTE DO IGREJINHA


"É uma situação muito ruim. Estávamos bem preparados, em uma crescente no campeonato. Isso afeta muito a parte física dos jogadores, estávamos com ritmo de jogo já. Neste aspecto é muito ruim e sem ter perspectiva de volta. Vai depender muito da Federação. O Igrejinha nos liberou, porque não sabia também como ficaria a situação. O nosso quadro é revisto de semana em semana. O clube aqui é muito bom, me dou com o presidente. Eles já pagaram os 15 dias que trabalhamos e agora dia 15 de abril vem o mês cheio. Eles nos deixaram bem tranquilo nesta parte. Acredito que as situações contratuais vão depender de caso a caso, vai depender muito das definições da competição, se vai continuar no segundo semestre. Se não tem competição, não há treinos, então, precisamos da ideia de quando voltará a competição para se preparar novamente com uns 20 dias pelo menos, quase uma pré-temporada. Enquanto isso, a gente treina em casa, sempre fui profissional e acabo fazendo meus treinos todos os dias em casa. Lógico que não é nem perto do ideal para o atleta, mas não dá para ficar parado".


 

EDY

ATACANTE BRASIL DE FARROUPILHA


"Isso tudo nos pegou de surpresa, todos os atletas. Não cabe a nós, é uma pandemia, temos apenas que aceitar com muita fé em Deus para que normalize a situação mundial o mais breve possível. Quanto ao campeonato, vínhamos uma situação boa, nosso time vinha se entrosando, pegando ritmo de jogo. Não tenho dúvidas que faríamos um grande começo de campeonato. Agora, estou em casa treinando todos os dias. Tem um cronograma de treinamentos que faço junto com meu irmão e um profissional nos auxiliando. Ele passa os treinamentos para mantermos em forma o mais perto possível. Nesta semana recebemos o clube nos pagou o mês trabalhado. Quanto ao futuro, estamos sem perspectiva nenhuma. Não teve nenhuma resposta concreta do clube e a Federação sobre o campeonato, se vai retornar. Estamos confiando e torcendo muito, pois sabemos que os jogadores dependem desse salário e ficar sem seria horrível para muitos pais de família. São mais de 400 famílias que dependem disso. Torcemos que normalize e possamos voltar a trabalhar".


 

VANDRÉ

GOLEIRO DO AVENIDA


"Estamos aqui parados, de vez em quando treinando em casa. Temos que fazer a nossa parte, mas triste por não estar na rotina diária de treinos e jogos. Essa pandemia atingiu todos, nós também estamos assim. No caso aqui, o Avenida foi pago o mês cheio, pagaram no dia 30 e não comunicaram nada sobre redução de salário. O que passaram para nós que dia 20 (de abril) vão decidir sobre o retorno do Gauchão e do Acesso. Acredito que seja no segundo semestre. Então, o que eu sei é que temos que aguardar até o dia 20 para ter uma posição da federação. Os presidentes estão ligando direto para a Federação. No segundo semestre vai ser complicado, imagina onde os clubes vão arrumar dinheiro. É um problema mundial, afetou todos, tanto no esporte quanto no comércio. É esperar o dia 20".


 

MEDINA

GOLEIRO DO SÃO PAULO


"A situação está bem preocupante para todos os atletas e para quem trabalha no futebol. A gente não sabe nada, o que temos são boatos que pode começar no meio do ano ou não. Mas a preocupação de todos é a situação financeira, temos o contrato que está em vigor até junho. Essa é a preocupação, como vai ficar esses meses até a volta do campeonato. Acredito que 98% dos jogadores do acesso dependem dessa renda do acesso para sustentar as famílias. Está complicado. O clube aqui foi transparente com a gente. Eles dependem das rendas dos jogos. Esperamos que nos próximos dias as federações resolvam esse problema. Ta preocupante, pois todo mundo tem família, tem filho, tem que ajudar a mãe. Todo mundo tem dependentes a sua volta. Ninguém tem renda extra aqui. Vivemos exclusivamente do futebol. Os clubes sem receita nenhuma, é brabo isso. Já passou 20 dias e não temos nada concreto de como vai ficar. Ansiedade lá em cima. O clube aqui nos paga com as rendas. Jogador da Série A do brasileiro tem como se manter uns 4 meses e a gente aqui vai fazer o que?".


*ATUALIZAÇÃO - O atleta Edy, do Brasil de Farroupilha, havia informado que o clube o pagaria no dia 10. Contudo, a direção do clube antecipou o pagamento e quitou o mês no dia 7 de abril. A sua fala foi atualizada horas após a reportagem ir ao ar.


Foto Gustavinho: Assessoria Igrejinha/Divulgação

Foto Vandré: Assessoria Avenida/Divulgação

Foto Edy: Assessoria Criciúma/Divulgação

Foto Medina: Assessoria Bagé/Divulgação/Arquivo

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