No dia 22 de dezembro de 2001, o Caxias entrou em campo pela última rodada do quadrangular final da Série B do Brasileirão. O time encarava o Figueirense em busca do acesso à Série A. A equipe gaúcha precisava de um empate para subir.
Com a bola rolando, o Figueirense saiu na frente. Porém, faltando dois minutos para o fim do jogo, a torcida da casa interpretou errado um sinal do árbitro, Alfredo dos Santos Loebeling, e invadiu o campo. Na época, o árbitro afirmou que o jogo recomeçaria. Mas por questões de segurança, a partida foi finalizada.
A polêmica toda começou quando a súmula do jogo não dizia a verdade. Por pressão externa, o árbitro colocou que a partida tinha terminado e depois ocorreu a invasão. Pelo regulamento da época, a torcida que invadisse o campo, o time perderia os pontos. O duelo terminou nos tribunais. Após 23 anos, o árbitro Loebeling, concedeu uma entrevista, à Rádio Gaúcha Serra e admitiu que o acesso foi definido de forma política.
— Eu não tenho dúvida de que a decisão que foi tomada foi uma decisão política. Você já tinha três equipes do Rio Grande do Sul disputando o Campeonato Brasileiro e a gente sabe o que representa a um Estado passar a ter uma equipe no campeonato nacional da Primeira Divisão — apontou Loebeling, que ainda revelou a pressão que sofreu:
— Então nós fizemos esse relatório, viemos para São Paulo e no dia seguinte do jogo o Armando Marques (chefe da arbitragem) me ligou, fez uma série de elogios à arbitragem. E me pediu: "Você já fez o relatório do jogo?" Eu falei: "Olha, a súmula está preenchida, e eu vou fazer um relatório sobre todos os fatos que aconteceram". Ele falou para eu ler o que tinha colocado. Quando eu comecei a ler, ele não deixou terminar meia página do relatório, que tinha duas. Ele falou: "Pra que isso? Vai dar a maior confusão. Pega aí, você vai escrever o seguinte, que após o final do jogo, houve uma invasão de campo" — revelou.
Na entrevista, Alfredo Loebeling ainda revelou um arrependimento, de ter confiado no então presidente do STJD, Luiz Zveiter:
— Como eu não ia confiar no presidente do Supremo Tribunal de Justiça Esportiva? Porque é um tribunal político, foi uma decisão política. Lógico que eu não tenho o tamanho do Caxias que eu respeito profundamente, mas nós temos uma coisa em comum. O Caxias e eu fomos usados pelo sistema. Não tenha dúvida disso. O sistema quis botar um clube de um outro estado pra gerar milhões pra aquele estado — admitiu.
O árbitro Loebeling era cotado para a Copa do Mundo de 2006. Inclusive era um dos melhores do Brasil na época. Aquele jogo entre Figueirense e Caxias foi o último da sua carreira. Depois, ele nunca mais apitou.
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