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Clubes do interior terão condições de cumprir todos os protocolos de saúde ?

Para definir o retorno do futebol no interior, neste segundo semestre, a pergunta em destaque poderá ser fundamental. Os protocolos que serão adotados para a volta do Campeonato Gaúcho já dão um panorama de como será o "novo normal" para eventos esportivos.


Tendo em vista este ponto, o site peleiafc.com propõe uma reflexão de alguns protocolos que os clubes do interior teriam de cumprir com o retorno do futebol. A análise tem como foco as equipes da Divisão de Acesso, Terceirona Gaúcha, Futebol Feminino e Base, já que no Gauchão os clubes apresentaram um protocolo próprio de retomada.


>>> BANDEIRAS


Não se tem um prazo de até quando vai vigorar o sistema de bandeiras no Rio Grande do Sul. Já são nove rodadas divulgadas pelo governo do estado. Nesta última, o número de regiões na cor vermelha aumentou e pela primeira vez nenhuma região está na cor amarela, de risco baixo. Cada cor representa restrições mais severas. A laranja, onde a maioria das cidades estão, libera atividades econômicas mas com limitações.


>>> PÚBLICO

Neste primeiro momento, a presença de público é descartada. Muitos dirigentes já declararam que jogar de portões fechados todo um campeonato é inviável. Não se tem uma previsão de liberação de público nos eventos com aglomeração. O próprio governo do estado cancelou a Expointer, que reúne milhares de pessoas. No ano passado a feira alcançou um faturamento de R$ 2,69 bilhões, dos quais R$ 2,54 bi em intenções de negócios do setor de máquinas e implementos agrícolas. Em São Paulo, o poder público condiciona a presença de público a uma vacina ou tratamento eficaz para o novo coronavírus.


>>> VIAGENS E HOTÉIS


Atualmente, as viagens intermunicipais são realizadas com 50% das poltronas das janelas e 25% dos assentos no corredor dos veículos fretados. Isto nas regiões com bandeira laranja. Já na bandeira vermelha é 50% a capacidade de todo o veículo.


Sendo assim, os clubes teriam de viajar em dois ônibus. Um custo que sairia dobrado. Vamos pegar como exemplo uma viagem de Santa Maria para a cidade de Rio Grande, com distância de 300 km. Conforme apurou o site, o custo médio é de R$ 5 por km rodado. Sendo assim, com um ônibus a viagem sai por baixo R$ 3.000 (ida e volta). Com dois ônibus, o valor passa dos R$ 6.000.


Chegando ao Hotel, os jogadores teriam de ser distribuídos em mais quartos. Geralmente, para diminuir custos chegam a ficar três pessoas em uma dependência. Hoje, esses estabelecimentos também têm restrições, com apenas 40% dos quartos disponíveis na bandeira vermelha. Em estabelecimentos em beira de estrada sobe para 75%. Na bandeira laranja é 50% dos quartos disponíveis e 100% em beira de estrada. Ficando um atleta por quarto, o gasto aumenta em mais de 50%.


>>> ALOJAMENTOS


Alguns clubes têm alojamentos para diminuir custos com aluguel de apartamentos. Nos estádios, o distanciamento nos refeitórios também deverá ser observados, sendo que os buffets não são permitidos. Este fato pode ser resolvido com a divisão das refeições por grupos, com um funcionário servindo os profissionais. Quanto aos alojamentos, o temor é pela contaminação. Se um jogador contrair o vírus, o espaço poderá ser isolado pela vigilância em saúde e os atletas removidos do lugar.


>>> TESTES COVID-19


Todos os atletas e profissionais ligados aos clubes teriam de passar por testes do novo coronavírus, pois é um esporte de contato físico. Muitos vêm de fora do estado para jogar no Rio Grande do Sul. Só na Série A2, por exemplo, o número chega a 40%. No começo da temporada eram 175 jogadores de outros estados, de um total de 428.


Quem bancaria a realização de testes a cada 15 dias? Os clubes já lidam com grandes limitações financeiras. Em um campeonato como a Divisão de Acesso, mais de 600 profissionais deveriam ser testados, contando jogadores, funcionários e membros de comissão técnica. Se contar a Terceirona Gaúcha, esse número dobra.


Seriam cerca de 40 testes por clubes. Pegando o total de equipes (16) a necessidade de testes chegaria a 640 a cada 15 dias. Sendo a competição realizada em 3 meses, o montando passa dos 3.800 testes em toda a competição. O custo ficaria na casa dos R$ 420 mil, sem contar arbitragem e gandulas.


>>> EPI's E PREFEITURAS


Além disso, os clubes teriam de comprar equipamentos de proteção individual para os funcionários e, também, afastar quem é do grupo de risco da doença. Cada instituição terá de comprar máscaras de proteção, álcool em gel e realizar a higienização dos equipamentos após o uso dos profissionais.


Por fim, ainda há a necessidade de cada prefeitura autorizar eventos como partidas de futebol e realização de treinos coletivos. O próprio Supremo Tribunal Federal (STF) já garantiu poder a estados e municípios de legislar quanto as medidas de prevenção à pandemia.


Com todos esses protocolos, o futebol no interior pode se tornar inviável neste segundo semestre.

Foto: Arquivo/Divulgação/ Prefeitura de Santa Maria

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