Ocorreu nesta terça-feira uma videoconferência entre dirigentes da Divisão de Acesso e o presidente da Federação Gaúcha de Futebol. A única definição concreta é que o campeonato está suspenso por tempo indeterminado. Mesmo terminando o prazo de 15 dias da primeira suspensão, não há previsão de retorno da Série A2. Os clubes cogitam fazer o campeonato no segundo semestre, mas existe um grande problema a ser enfrentado, a situação contratual com os jogadores.
A Federação vem negociando com o Sindicato dos Atletas do Rio Grande do Sul este processo. Contudo, ainda não se tem um acordo. Com o avanço do número de casos da pandemia de COVID-19, fica praticamente inviável terminar a Divisão de Acesso ainda neste primeiro semestre. Entretanto, os jogadores e demais profissionais têm contratos com os clubes até o fim do campeonato.
TEMOR
Existe um temor de falência financeira das equipes do interior. Na segunda-feira, o presidente do União Frederiquense concedeu entrevista a Rádio Imembuí, de Santa Maria. Edson Cantarelli disse que a folha salarial é de R$ 78 mil, sendo R$ 52 mil apenas com os 23 jogadores do elenco. No entanto, o União tem 40 funcionários no geral (contando o elenco). Conforme Cantareli, é preciso achar uma solução para esses profissionais neste período sem futebol.
"A gente já acertou todo o mês de fevereiro, mas está correndo o mês de março e temos que pagar em abril. Se nós não tivermos condições de pagar será o telefone do presidente que vai tocar todo o dia", falou o dirigente.
Cantareli defende que a CBF faça uma compensação as equipes para efetuar esses compromissos, já que os clubes pagam taxas anuais, como anuidade de R$ 2.500. Sem falar que a cada contrato gerado são pagos R$ 100 à CBF e na rescisão R$ 55. Para as federações também há pagamentos nas transferências.
"Existem recursos que os clubes já passam para as Federações e CBF. É o momento de salvar os clubes pequenos. O piso hoje dos atletas, 97% recebem R$ 1.815. As pessoas precisam de suporte nessa hora", frisou.
EMPRÉSTIMO BANCÁRIO
Caso não haja um acordo entre Federação e Sindicato dos Atletas, corre o risco dos clubes terem de seguir pagando os jogadores até o final dos contratos, sob pena de tudo parar na justiça e o prejuízo ser maior. Sobre o pagamento dos salários de março, o presidente do União disse não está nada definido e a conta hoje está no negativo.
"Estou tentando buscar condições. O que eu tenho hoje são 63 mil negativos na conta da Caixa. Não é só salário, é alimentação, transporte (...) preciso zerar isso para depois pensar na folha salarial que vai vencer no dia 5. Essa é a vida de um presidente de clube da Divisão de Acesso. Se for preciso colocar a Arena como garantia no banco, patrimônio de 5 milhões, que a comunidade construiu ... (emocionado presidente interrompe a fala) desculpa mas...", desabafa.
Se uma alternativa não for encontrada e os clubes tiverem de seguir com os compromissos salariais, o próprio presidente cogitou ter de procurar um banco, colocando a Arena do União como garantia, mas reafirmou que não vai deixar ninguém na mão.
"Vou cumprir os contratos (se não houver acordo). Não vou deixar os atletas desamparados. Mas certamente vou entrar em um banco, financiamento e colocar a Arena como garantia para poder manter aquilo que está acordado, os contratos. Seria a última alternativa. Se for para o processo judicial, os valores serão cinco vezes maiores", cogitou Edson Cantarelli, presidente do União.
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