Na última semana, o site peleiafc.com entrevistou o técnico Cristian de Souza, do Veranópolis. Na oportunidade, o profissional reforçou a necessidade de se discutir o calendário do futebol gaúcho. Para ele, o calendário deve ser mais humano e profissional. Hoje, a "safra" dos profissionais da bola são os 4 primeiros meses do ano, segundo o treinador.
Para corroborar com este pensamento, o Peleia FC teve acesso a um levantamento detalhado da Pluri Consultoria, renomada na área de gestão. Conforme os dados pesquisados, os clubes brasileiros ocupam, em média, apenas 35% do calendário útil do futebol. No Rio Grande do Sul a média sobe para 49%, ficando atrás apenas de São Paulo 53%.
Se equipes da séries A e B sofrem com a incompatível quantidade de jogos causada pelo calendário, que as obriga a também disputar competições estaduais, a maioria dos clubes de divisões inferiores atua em menos da metade do calendário útil do futebol.
A taxa de utilização média do calendário do futebol brasileiro em 2019 foi de 35% para os 650 clubes que disputaram, ao menos, uma competição profissional na temporada. Significa que, em média, os clubes brasileiros passaram 65% de seu período de atividade sem disputar uma única partida.
No total, 14 das 27 unidades de federação tiveram taxa de utilização de calendário igual ou inferior a 30%. Incluem-se nessa lista estados de tradição como Minas Gerais e Goiás.
Pará, com 19% de utilização, foi a unidade de federação com menor taxa de utilização do calendário no ano de 2019, seguida por Sergipe, Roraima, Piauí, Paraíba e Distrito Federal com 20% cada.
Ainda segundo a Pluri Consultoria, 382 equipes profissionais em atividade no Brasil (59% do total) atuaram em, no máximo, 30% do calendário útil do futebol em 2019, o que significa cerca de três meses de atividade.
Existe uma pequena elite de 77 clubes do futebol brasileiro, equivalente a 12% dos 650 clubes, que ultrapassou a marca de 80% de utilização do calendário, patamar adequado para equipes de futebol profissional. Este grupo, formado em sua maioria por equipes das séries A e B, conta com representantes de apenas 16 das 27 unidades de federação do país.
Nesse grupo de elite há 11 equipes que disputaram mais de 65 partidas na temporada, número excessivo, que faz dos clubes brasileiros os que mais disputam partidas no mundo.
Ampliando esta amostra, com a inclusão de equipes das séries C e D, identificaremos que apenas 136 clubes (21% do total) jogou, ao menos, 60% do calendário útil (equivalente a 6,7 meses), patamar mínimo para
equilibrar a gestão financeira.
Outras 219 equipes (34% total) tiveram calendário inferior a 2 meses. Já 55 equipes (8% total) tiveram calendário inferior a 1 mês.
CLUBES POR TAXA DE UTILIZAÇÃO DO CALENDÁRIO EM 2019
RIO GRANDE DO SUL
81% a 100% - 9 clubes
61% a 80% - 10 clubes
31% a 60% - 4 clubes
0% a 30% - 18 clubes
Total: 41 clubes
MESES COM PARTICIPAÇÃO DE CLUBES EM COMPETIÇÕES PROFISSIONAIS
RIO GRANDE DO SUL
Janeiro .......... 12 clubes
Fevereiro ....... 28 clubes
Março ............ 40 clubes
Abril .............. 35 clubes
Maio .............. 20 clubes
Junho ............ 16 clubes
Julho ............... 9 clubes
Agosto ............ 6 clubes
Setembro ........ 6 clubes
Outubro .......... 3 clubes
Novembro ....... 3 clubes
Dezembro ....... 2 clubes

Imagem: Reprodução Pluri Consultoria
Com informações da Pluri Consultoria