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Clube da Terceirona Gaúcha é multado e perde um mando de campo

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Foto: Luiz Breves/FGF

O Riograndense de Rio Grande foi punido pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-RS) com multa de R$ 1 mil e a perda de um mando de campo após a confusão que envolveu a arbitragem na partida contra o São Paulo, pela Terceirona Gaúcha. O episódio ganhou destaque nacional após um dos árbitros auxiliares ser agredido e o quarto árbitro, um policial militar, sacar uma arma para dispersar os agressores.


A decisão foi unânime na 2ª Comissão Disciplinar do TJD-RS, com base no Artigo 213 do CBJD ("Deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir: desordens em sua praça de desporto"). Cabe recurso ao Pleno do Tribunal.


O Riograndense identificou o torcedor que agrediu o membro da arbitragem e o proibiu de entrar no estádio. Ele não seria da torcida do Guri Teimoso. Como o clube joga a última rodada da primeira fase fora de casa, a punição de portões fechados deverá ser cumprida na semifinal da Terceirona, caso a equipe avance aos mata-matas.


Detalhes do Julgamento


O julgamento no TJD-RS contou com depoimentos detalhados dos envolvidos, que divergiram sobre o início e a causa da confusão:


Arbitragem – Rodrigo Brand (Árbitro Principal)


O árbitro principal, Rodrigo Brand, admitiu ter dispensado a Brigada Militar, alegando um "clima muito amistoso" após o jogo. Ele narrou o momento exato do tumulto na saída:


"Dispensamos a Brigada Militar porque estava um clima muito amistoso. Ao sair do vestiário, cruzamos uma porta do estádio e foi onde começou a situação. Meu último colega, um dos bandeiras se desentendeu com um torcedor que falou alguma coisa. Ele acabou que não gostou e começou a discutir. Eles vieram pra cima, foram tudo muito rápido, começaram a agredir ele. Eram uns cinco caras, tentamos segurar. Não foram só com socos, foram chutes e ele caiu no chão. Naquilo, o Rodrigo Garcia que é policial falou que era policial e não pararam. Ele foi no carro e sacou a arma e daí eles correram. Ele queria levar preso as pessoas."


Diretoria do Riograndense – Paulo André (Presidente)


O presidente do Riograndense, Paulo André, deu sua versão, afirmando que a diretoria agiu para contornar o caos e que a Brigada Militar foi dispensada pelo próprio árbitro:


"Para ser bem justo não vi como começou. Eu estava com telefone e entraram umas mulheres gritando que 'o cara tá armado, o cara tá armado'. Quando cheguei o portão estava fechado, eu abri e vi o bandeirinha vindo que não foi o envolvido na confusão. E logo trás vinha o bandeirinha envolvido e o outro com a arma em punho. Esse telefonema que eu estava era com comandante da Brigada. O árbitro liberou a Brigada pelo clima tranquilo que estava."


O dirigente questionou o trajeto da equipe de arbitragem: "Eles andaram por baixo das arquibancadas onde tem torcedores em dia de jogos. Eu questionei porque saíram por aqui. Pra gente, eles sairiam pelo local normal." Ele ainda alegou que o árbitro teria omitido informações na súmula: "Ele colocou uma súmula incompleta. Ele não colocou a situação de um bandeirinha agredindo uma mulher."


Testemunhas e Outras Versões


Uma vendedora ambulante e um ex-atleta do clube também depuseram. O ex-atleta, sargento da reserva do Exército, afirmou que o agressor seria torcedor do São Paulo e criticou a conduta do quarto árbitro: "Mesmo tendo porte, após sacar a arma em público tem que ter outra atitude."


O Debate na Procuradoria do TJD


O procurador Renan Cardoso concentrou sua argumentação na responsabilidade do clube e na conduta do quarto árbitro, pedindo a desconsideração de algumas provas.


"O vídeo editado de 4 segundos mostra a senhora aparece agredindo a arbitragem, essa senhora que diz que se machucou. O presidente disse que identificou a pessoa, porém prova nenhuma veio aos autos, de forma a atingir a excludente de responsabilidade. Nada veio. Não é crível que um torcedor que ganha o clássico [...] ficar 45 minutos esperando a arbitragem para xingar a arbitragem. Não há o que justifique."


Sobre a atitude do PM, o procurador o defendeu, separando as esferas de atuação:


"Não tenho procuração, mas aprendi que polícia militar é polícia militar 24h por dia e sete dias por semana. Ele agiu de forma a não prevaricar. Se houve abuso, que não vi, que responda no comando dele e não neste tribunal."


Cardoso encerrou sua fala reforçando a obrigação do clube: "É obrigação da agremiação providenciar a segurança do estádio. É inadmissível surrar um árbitro. [...] Existe Boletim de Ocorrência, corpo de delito, temos que trabalhar com o que tem nos autos."


Defesa do Clube


O advogado do Riograndense, Frederico Brum, pediu a absolvição, argumentando que a arbitragem liberou a BM e que a direção do clube trabalhou para evitar o pior:


"A arbitragem foi responsável por liberar o policiamento, por proporcionar uma escalada na discussão que seria normal no futebol. Só não foi pior com uma pessoa severamente ferida por arma de fogo, porque a diretoria interveio e isso está claro nas imagens."


Ele defendeu que o Riograndense cumpriu seu papel: "Só foi tomada as providências policiais em defesa do auxiliar, pois a diretoria fez que a equipe de arbitragem ficasse no estádio até a volta do policiamento e fez todo o acompanhamento da ocorrência. Dois dias depois do fato, o clube encaminhou um ofício à FGF e tudo que era possível ser feito pelo Riograndense foi feito."

 
 
 

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